Relevâncias e implicações das Ciências Atmosféricas
O que tenho notado em diálogos que envolvem a Climatologia, inclusive os mais informais, é que essa área ainda é pouco compreendida pelo público em geral. Talvez alguns colegas que se dedicam a esse campo possam discordar um pouco, porém, minha impressão é que, embora muitas pessoas tenham interesse em entender por que e como ocorrem os fenômenos atmosféricos, a Climatologia e a Meteorologia não são reconhecidas como campos de conhecimento distintos. É curioso perceber que por acaso muitas vezes as nuances das Ciências Atmosféricas estejam ainda a sombra de observações maiores, como previsão do tempo imediata e atualidades como as mudanças climáticas, que mesmo cruciais, não restringem essas ciências a esses temas em voga. Vale comentar que os domínios das Ciências Atmosféricas possuem matizes e implicações que os aproximam mais de nós do que poderíamos imaginar.
Um exemplo frequente é quando menciono que minha maior área de interesse dentro do curso de Geografia é a Climatologia. É comum as pessoas perguntarem se estou estudando para prever o tempo na televisão, remetendo à imagem clássica da "moça do tempo" nos jornais. Fica claro o choque quando explico que essa é uma tarefa desempenhada por meteorologistas, que requer um curso superior de cerca de cinco anos, repleto de cálculos matemáticos, física e química. Na realidade, o que vemos na televisão brasileira são jornalistas apresentando as previsões climáticas com base em roteiros fornecidos por grupos de meteorologistas vinculados ao INMET e empresas privadas como a Climatempo. Eu esclareço que o papel do climatologista é diferente, envolvendo o estudo das variações climáticas passadas e projeções futuras frequentemente divulgadas por organizações como o IPCC.
O IPCC desempenha um papel crucial na disseminação das Ciências Atmosféricas. Desde a década de 80, quando emergiu o debate sobre as mudanças climáticas, essa organização tem sido um agente importante nessa divulgação, juntamente com os meios de comunicação tradicionais e plataformas sociais. Isso levou à produção de filmes e documentários que abordam fenômenos como furacões, ondas de calor e frio, secas e outros extremos da atmosfera. No entanto, seria equivocado limitar esse interesse apenas ao contexto atual das mudanças climáticas, uma vez que eventos climáticos excepcionais também são retratados em episódios históricos clássicos, despertando curiosidade tanto na sociedade quanto nos próprios cientistas, que buscam desvendar as causas desses fenômenos.
É nesse contexto que a Climatologia surge como um dos campos de conhecimento mais essenciais nos dias de hoje. Apesar de muitas vezes pouco reconhecida, as pesquisas sobre o clima não se limitam apenas aos aspectos globais mais evidentes; ela também se aplica a situações cotidianas, como a escala do clima urbano. A simples transformação de um cenário urbano, como o desenvolvimento de um desfiladeiro, pode causar estresse nos habitantes da cidade e influenciar seus estilos de vida. Embora atualmente a Climatologia esteja frequentemente focada nas mudanças climáticas ao longo do tempo e em suas perspectivas futuras, sua relevância abrange várias áreas diferentes, integrando o clima como uma variável analisada em estudos de diversas disciplinas.
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