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Conhecendo o Sistema de Informação Climático

Foto do escritor: Heleno Proiss SlompoHeleno Proiss Slompo

A importância de uma rede integrada de informações climáticas num contexto atual


Imagem de WMO, Global Information System


Compreender o Sistema-Terra é uma tarefa extraordinariamente desafiadora, dada a sua profunda complexidade e a interação de diversos fenômenos interligados. Eles ainda guardam muitos segredos a serem desvendados, especialmente em meio ao cenário de mudanças climáticas globais e a necessidade de desenvolver novas metodologias e instrumentos que aprimorem o entendimento desse sistema. É por meio de estudos multidisciplinares que novas descobertas sobre o desequilíbrio energético e seus impactos reais e potenciais têm surgido e ganhado cada vez mais fundamento.


Para alcançar essa lucidez, um sistema de informação climática é fundamental. Ele permite não apenas a identificação de anomalias no sistema, mas também a descoberta da origem e seus produtos globais e o monitoramento das tendências climáticas. Isso só é possível ao se avaliar diversas variáveis envolvidas, buscando sempre uma resolução mais precisa da interpretação da realidade. No entanto, essa visualização da realidade climática enfrenta desafios significativos, especialmente no desenvolvimento de operações mais eficientes. Em adição, um outro problema ainda é a falta de investimento nestas tecnologias, que ainda são incipientes em países emergentes.


A tecnologia avançou rapidamente, ganhando força durante os anos 60, e impulsionando a evolução de instrumentos que permitissem análises mais abrangentes, que antes não eram possíveis com as ferramentas tradicionais. Radares e radiossondas, por exemplo, possibilitaram uma análise mais profunda dos fenômenos atmosféricos, como a previsão de tempestades, estudo vertical da atmosfera, e o estudo físico-químico das nuvens, que são desafios valiosos para uma compreensão da atmosfera. Através de sensores instalados em diferentes ambientes, como o uso de aerotransportes – balões meteorológicos, aviões, etc. – a observação se tornou mais abrangente, permitindo, em tempos presentes, uma previsão do tempo mais globalizante.


No entanto, ainda é um grande desafio sincronizar e processar todos os dados desse sistema, apesar dos avanços recentes. Sejam os instrumentos em terra que avaliam in situ, nos oceanos, ou em diferentes altitudes na atmosfera – todos esses precisam estar interconectados para gerar dados mais precisos. Esse conjunto de dispositivos deve ser supervisionado por um centro de observação e fiscalização, que monitore o desempenho de todo o sistema, sendo necessário realizar ações que garantam "a continuidade, arquivamento, resgate e calibração para garantir melhores resultados e a capacidade de monitorização a longo prazo do sistema global de observação do clima", como destacado por SCHUCKMANN e pesquisadores.


Foi através de sistemas como esses que descobertas importantes foram possíveis, como a compreensão da interação entre a temperatura da superfície do mar (TSM) e fenômenos relacionados aos feedbacks climáticos. Isso inclui o efeito catalisador ou atenuador de modificações do padrão climático. Tais sistemas também permitiram identificar mudanças na composição química da atmosfera em comparação com o nível pré-industrial, além de investigar fatores internos e externos que afetam o clima, como a atividade vulcânica e a influência solar na atmosfera. Ademais, também possibilitaram a identificação de eventos intrigantes, como alterações na coloração dos mares, apontando alterações na atividade biológica marinha. Todas essas descobertas foram viabilizadas pelo Sistema de Informação Climática.



Referências usadas


Trenberth, K. E., Moore, B., Karl, T. R., & Nobre, C. (2006). Monitoring and prediction of the earth's climate: A future perspective. Journal Of Climate, 19, 5001-5008.


von Schuckmann Karina et al. (2020). Heat stored in the Earth system: where does the energy go? Earth System Science Data, 12(3), 2013-2041.


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