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Os ciclones extratropicais

Foto do escritor: Heleno Proiss SlompoHeleno Proiss Slompo

Quais são as características dos ciclones extratropicais


Imagem de RAMMB/CIRA, Ciclone extratropical 2023


A divulgação dos sistemas atmosféricos no Brasil é, em muitos casos, mal interpretada pela mídia, o que pode levar a um alarmismo ao atribuir aos ciclones extratropicais um evento anormal com alto potencial de destruição. Na realidade, esses ciclones são comuns na costa brasileira e nos países meridionais da América do Sul, como Argentina e Uruguai, bem como em países do Norte geográfico de médias latitudes. Eles ocorrem especialmente durante as estações do outono e inverno com a interação entre as massas de ar quente e fria. E importante ter em mente que esses ciclones são uma expressão natural da busca de equilíbrio da atmosfera, e nem sempre são danosos.


Os ciclones extratropicais são definidos como sistemas de baixa pressão atmosférica que surgem de uma confluência de ar, trazendo calor e umidade. Esse fenômeno geralmente costuma formar nebulosidade e maior instabilidade na atmosfera, podendo evoluir para tempestades mais severas conforme sua magnitude. Diferentemente dos ciclones tropicais, os ciclones extratropicais são menos intensos e ocorrem fora dos trópicos, em latitudes de 45° no Hemisfério Sul, embora possam ocorrer também em latitudes menores, por exemplo, a 30°. Por vezes vistos como alarmante, os ciclones extratropicais contribuem para a distribuição de calor das regiões tropicais para as latitudes polares, e transporte da umidade a partir das águas oceânicas regulando o clima global.


A natureza desse fenômeno é semelhante aos demais ciclones, furacões e tufões, em que todos esses sistemas têm uma convergência de ar em torno de uma zona de baixa pressão. O termo "ciclone" é genérico, e o que muda é a localização geográfica dos mesmos: no Oceano Atlântico Norte e no Leste do Pacífico, são chamados de furacões, enquanto no Oeste do Oceano Pacífico, são conhecidos como tufões. No caso dos furacões, a temporada conhecida ocorre entre junho e novembro, atingindo todo o ano a costa dos Estados Unidos. Para ser considerado um "furacão", de acordo com a Escala de Beaufort, a velocidade do vento deve ser igual ou superior a 119 km/h.


As correntes de vento intensas que marcam os ciclones extratropicais podem causar muitos estragos, principalmente onde sua área de atuação é maior, como na costa. Nestas zonas marítimas durante os eventos, as correntes de ar tendem a ser mais fortes e trazer ondas de 4 metros de altura. Nas demais áreas em que o ciclone atua, os totais de precipitação podem atingir níveis acima da média, e fortes vendavais e tempestades que tendem a se alastrar. Esta turbulência eleva o risco de deslizamentos e alagamentos, que causam danos às infraestruturas de moradia, de elétrica e causar quedas de árvores, como foi noticiado no centro-sul do Brasil em julho de 2023. Ademais, são frequentemente associados ao aumento de problemas de saúde como surtos de bacterioses devido ao contato de água contaminada.


Já faz um tempo que o aumento e intensidade destes fenômenos são associados às mudanças climáticas. Para este ano, só no mês de julho até então, houve a formação de incomuns três ciclones ao Sul da América do Sul, provavelmente em razão do efeito atípico do El Niño presente, que aquece a superfície do oceano, criando um ambiente adequado para a formação de ciclones extratropicais. Mesmo que no Atlântico Sul toda semana se formem estes fenômenos, a magnitude que eles podem ganhar a ponto de seu desenvolvimento avançar com mais força para a costa litorânea, é motivo a se preocupar.


Referências usadas


Granchi, Giulia. Ciclone extratropical: entenda fenômeno que já causou mortes e estragos pelo país. BBC News Brasil, 2023.


Reboita, M. S., & Marrafon, V. H. (2021). Ciclones Extratropicais: o que são, climatologia e impactos no Brasil. Terræ Didatica, 17(Publ. Contínua), 1-13

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